Não passei na entrevista, e agora?

Quem nunca passou por isso? A sensação de ser reprovado na entrevista de emprego é sempre ruim, principalmente por aquela empresa que você tinha gostando tanto. Que tal transformar esta experiência em algo positivo que te ajude nas próximas oportunidades?

Reflexão

O primeiro passo é refletir e entender onde você foi mal. Não adianta culpar o entrevistador, identifique os principais pontos que possam ter influenciado na decisão da empresa. Reviva a entrevista e identifique os pontos que você sentiu que não foi bem, o que faria diferente se tivesse uma nova oportunidade?

Há diversos motivos pelos quais a empresa pode ter optado em não te contratar, alguns deles estão sob seu controle, outros não. Não se prenda a coisas que você não pode mudar, foque nas que você tem controle.

Como comentei no post Por que em 6 anos só consegui contratar uma mulher?, por 6 anos eu fui responsável por contratar desenvolvedores para minha equipe, devo ter feito quase 100 entrevistas neste tempo. Hoje em dia participo do processo seletivo da empresa onde trabalho que é bastante diferente, se tiver curiosidade dê uma olhada no post para saber como empresas de tecnologia lidam com o viés inconsciente. Já estive dos dois lados, vou começar listando os motivos pelos quais eu reprovava candidatos.

Falta de conhecimento técnico

É bastante comum utilizar um filtro técnico como a primeira etapa da entrevista. O candidato pode executar o teste em casa e então a empresa chama para as etapas posteriores os candidatos que passaram neste primeiro filtro. Uma das maneiras mais populares de fazer isto é utilizando o site do HackerRank, eu tenho um conteúdo especial sobre  Top 4 algoritmos mais usados no HackerRank se tiver interesse.

A boa notícia é que este é o problema mais fácil de corrigir, se você sentiu que não passou por que não tinha o conhecimento técnico adequado para a vaga, está na hora de correr atrás e estudar mais a fundo a área em que você não foi bem. Mas veja, só faça isso se você identificar que é uma área que você tem interesse. Algumas empresas pedem conhecimentos específicos em certas tecnologias mais antigas que não são de seu interesse aprender e tudo bem, não é mesmo? Já que você não tem interesse nessa tecnologia melhor assim que você não conseguiu o emprego.

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Falta de experiência

Outro motivo comum é a falta de experiência na tecnologia exigida ou até mesmo na área. Na minha empresa anterior era muito comum receber programadores que se candidatavam para a vaga de sênior mas que em nossa avaliação em plenos. De fato isto acontecia com certa frequência pois a minha empresa exigia um pouco a mais que a média do mercado. Então é bom ficar atenta ao nível de experiência exigida na vaga.

E se você estiver no início de sua carreira? Neste caso o ideal é buscar uma vaga de estágio. Você pode até candidatar a vagas de júnior mas se não tiver experiência terá que comprovar sua habilidade de alguma maneira.  Uma maneira de fazer isto é publicar um ou mais projetos no seu github colocá-los no seu currículo.

Perfil não adequado

Muitas vezes recebi candidatos aptos e com bom conhecimento técnico mas que não se alinhavam com a cultura da empresa. Isto é bastante comum, as empresas buscam pessoas que tenham seu “DNA”. As boas empresas de tecnologia prezam pelo ambiente de trabalho harmonioso e preferem não contratar se notarem que o candidato não vai se integrar bem com a cultura da empresa.

Já reprovei muitos candidatos por este motivo a também já estive do outro lado, fui reprovada por não me encaixar na cultura da empresa. É claro que a empresa não me deu esse feedback mas a reflexão que fiz me levou a crer que este foi o problema. A entrevista que participei contava com vários integrantes da empresa, pessoas de diferentes áreas. A empresa tinha um modelo de trabalho totalmente diferente do usual, com zero hierarquia. Todas as perguntas que me fizeram eram direcionadas a isso, a entender como eu me comportaria em um ambiente sem chefe, sem gerente onde todos faziam o que queriam.

Eu fui para esta entrevista sem preparação, pois eu não sabia que o ambiente de trabalho deles era assim. E tenho certeza que muitas das resposta que dei não agradaram. Enfim, essa foi uma daqueles empresas que parece muito legal e te tratam super bem mas no final nem dão uma resposta ao candidato. (ponto negativo para eles).

Em situações como esta não tem como não se sentir mal, mas eu prefiro pensar que se eles pensaram que eu não serviria talvez eles estivessem corretos e bora pra próxima, tem muita empresa legal por aí para trabalhar não é mesmo?

Interesse demonstrado na entrevista

Este era um dos motivos mais fácil para reprovar candidatos para mim, pois era muito claro. Se durante a entrevista o candidato não se mostrasse interessado e animado com as possibilidade de trabalhar conosco como eu iria esperar que ele se comportasse no dia a dia de trabalho?

Este interesse vai além do básico, o mínimo que você precisa fazer antes de ser entrevistado é pesquisar sobre a empresa, entender seu negócio. O ponto principal para mim e tenho certeza de que para todos os desenvolvedores que entrevistam candidatos é avaliar o candidato como se estivesse trabalhando com ele.

Em entrevistas técnicas, o entrevistador quer ter uma ideia de como o candidato vai se comportar no dia a dia de trabalho. Os testes aplicados neste modelo de entrevista levam ao entrevistador e o entrevistado a fazerem uma “dupla” para responder o problema. É claro que ele não vai dar todas as respostas mas está ali para auxiliar se o candidato não estiver conseguindo sair do lugar.

Neste processo, uma das coisas que observo no candidato, além da capacidade de resolver o problema é sua atitude em relação ao problema. O candidato se mostra empolgado em querer resolver o problema? Quão rápido ele desiste de encontrar a solução?

A pior coisa que você pode falar é: ah, agora não sei responder isso, preciso pesquisar. Se você de fato não está conseguindo resolver o problema que te propuseram, qual deve ser sua atitude? Na minha avaliação é não desistir até que o entrevistador mude o rumo da conversa. Expresse para ele qual sua linha de raciocínio, o famoso “pense alto”. Dê oportunidade a ele de te auxiliar. O dia a dia de trabalho de um desenvolvedor não é solitário, muito pelo contrário, estamos constantemente trocando experiências e auxiliando uns aos outros na resolução dos problemas, não é só por que o entrevistador te deu uma dica que você não vai passar no processo seletivo.

A repetição leva à perfeição

E o que mais é preciso fazer? Participe do máximo de entrevistas que puder, não se deixe vencer pelo cansaço. Eu sei, é difícil, minha última troca de emprego levou cerca de 6 meses, talvez até um pouco mais, me lembro que fiz algumas entrevistas e fiquei desanimada de não ter passado e dei uma “pausa” na procura. Não cometa este erro, muitas vezes durante o caminho eu me peguei pensando que não ia conseguir, mas a gente nunca sabe o que o futuro nos reserva

A verdade é que todas as entrevistas que eu fiz e fui reprovada me prepararam para a entrevista que eu passei. Você fica calejada, fica mais tranquila durante a entrevista. E quer saber? Olhando agora para trás eu agradeço às empresas que me reprovaram por que se não tivessem reprovado talvez não teria encontrado a empresa que estou agora. Eu não trocaria meu emprego atual por nenhuma das outras empresas que me rejeitaram. Tenho certeza que se você persistir também vai encontrar a empresa certa para você 🙂